quinta-feira, 3 de junho de 2010

(mal)bondade

Devia ter uns 9 anos - pensei comigo. Olhou-se por sobre um salto 12 folgado nos pés, com um vestido que não era seu e um rosto carregado de pinturas que não lhe pertenciam.

Ela não devia ser feliz, o sorriso estampado no rosto era da doce inocência infantil, ilusória e passageira.

Mas aprenderia ainda a perder parte da bondade que lhe era característica (desejei com todas as minhas forças), a se impor e a pensar menos nos outros. Bem menos, eu diria caso me pedisse um conselho. E outra, era melhor que fosse logo. Temi por suas angústias futuras fruto dessa disponibilidade em demasia.

Parei, (re)olhei: já não tinha 9 anos.

Ingrid Tinôco