segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Lá vem o ano novo (de novo)

Aí você pisca o olho e janeiro virou dezembro, e amanhã? Já é janeiro de novo. Lá vem o Natal, o nascimento de Jesus, o papai Noel e seus presentes , o verão, as férias... e os pensamentos. Estes vem aos montes. Do que se fez, do que não fez, do que deixou de fazer, mas deveria ter feito. E a gente faz mentalmente uma nova lista de resoluções para o ano que, como eu disse, começa amanhã, mesmo que o outro tenha iniciado ontem e não tenha dado tempo de você riscar nem o número 1 da sua lista antiga. Aí você mentaliza algumas prioridades-clichês: a paz do branco que vai estar na sua roupa, o amor que todo mundo precisa,  saúde já que "o resto a gente corre atrás", sorte e dinheiro porque ganhar na mega-sena da virada não seria nada mal. Então você passa para as mudanças que vai fazer em si mesma: ser mais calma, ter mais paciência, ser mais solidária, passar mais tempo com quem você ama, abraçar mais, gastar menos, estudar mais, trabalhar em dobro, adiar menos, usar menos a internet e voltar a ler mais, mudar os cabelos, ter uma barriga chapada, comer menos doce e mais salada, passar no concurso X, viajar ao lugar Y e mais uns 365 itens que, hoje, você tem certeza de que há dias suficientes para que sejam cumpridos a partir de 01/01.
 
Pra isso tudo se resolver, a gente pula ondas à meia noite, guarda os caroços de sei lá o quê na carteira, joga flores à Iemanjá, reza pra todos os santos, ora a Deus e promete a si mesmo que 2014 vai ser diferente e melhor, claro.
 
É sempre assim, e eu acho bonito isso tudo, sabe? Em resumo, esperança é, para mim, a palavra-sinônimo do ano novo. Porque não importa se você faz todas as coisas que eu falei acima ou nenhuma delas, no fim das contas, uma virada de dia que marca apenas a mudança no calendário parece significar a renovação dos ânimos e dos impulsos que nos movem. E quer sentimento melhor que esse para aqueles que planejam novos feitos?
 
Pois que o nosso ano novo seja assim, cheio de esperanças na nossa nova lista de resoluções (que pode nem se cumprir, mas é importante que exista). Que você consiga riscar o máximo dos seus objetivos contidos nela. E se não conseguir? Paciência!! Se ontem era o ano passado e amanhã já é o ano que vem, o "ano depois do que vem" já vem logo em seguida e não tarda para que as esperanças se renovem outra vez.
 
E se você não entendeu nada dessa minha matemática problemática (trauma de infância), procure "apenas" lembrar do sentimento dessa virada de ano pelos próximos 365 dias.  Tente manter a esperança em si e nos outros o máximo que puder, renovando-a diariamente, se possível for. Quem sabe, assim, você (e eu também, ok?!) termine o ano que vai começar, se não feliz, REALIZADO!
 
E que venha 2014!!!
 
Ingrid Tinôco

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Aos (meus) mestres

Desde quando meu vocabulário era escasso e minhas mãos incoerentes, quando o lápis ainda não desenhava nem a forma das vogais, vocês estiveram ali, prontos e aptos a me lapidarem. Quando chegaram as somas mirabolantes, as equações mais difíceis, a história tão antiga e a terra a ser descoberta pelos livros, vocês estiveram ali, dispostos a nos passarem o possível e o impossível de conhecimento, mesmo que a petulância adolescente insistisse em desestimular até os mais pacientes. Quando chegaram as provas de vestibular, o cursinho, os ânimos à flor da pele e a vida adulta batendo a minha porta, foram vocês quem estiveram ali, fazendo da dificuldade o estímulo, das quedas o aprendizado e do mestre, o amigo disposto a oferecer colo às lágrimas e palavras às desilusões. E quando me chegou o sonho, foram vocês a mostrarem o caminho, a anatomia, a fisiologia e como é bonita essa máquina própria que se chama ser humano. A primeira ausculta veio guiada pelas vossas mãos, enquanto as minhas, trêmulas, tateavam no escuro o desconhecido, a clínica se abriu em flores, versos e angústias; mas foram vocês a mostrarem o quão bela é essa ciência pela qual temos que nos apaixonar diariamente para que as dificuldades da vida não nos tire as esperanças. E hoje, é a vocês, professores de todas as fases e tempos, que eu dedico meu obrigada mais sincero e minha gratidão eterna.

Ingrid Tinôco

domingo, 1 de setembro de 2013

Dia lindo sem palavras

Acordara disposta, as gotas finas de chuva que salpicavam a janela pintavam a tela perfeita para bons textos. De pijama e chinelo arrumou o laptop entre as pernas e prendeu os cabelos para dar o ar de intelectualidade  caderno em mãos junto à caneta preferida. Era um dia lindo para belos textos, quem lhe diria o contrário? Olhou aquela folha branquinha de linhas perfeitas e já vislumbrou a caneta deslizar palavras certinhas, contando casos de amor, de revolta ou de sofrimento, como todo bom texto que se preza tem que ter. Olhou, olhou, olhou... Mas não veio um sequer caso de amor, bom ou mal; as revoltas não tomaram formas cabíveis e o sofrimento, nem se fala, fazia tempo que não tinha um daqueles grandes e "bons", sabe? Que tiram fôlego, lágrimas e todo o juízo em forma de letras. Bateu desespero, angústia, tristeza, bateu até fome, mas escrita que é bom, nada! Não vinha. Não tinha ideia que chegasse, música que inspirasse ou sentimento que brotasse. Se começar era impossível, terminar era indefinível. Coração e cérebro desconectaram, era a única explicação. "E agora, José?", ela gostava tanto daquela mistura de razão e emoção batidas com gosto agridoce. Desistiu. Voltou a dormir no travesseiro que tantas vezes lhe arrancara choros e prosas, foi acariciar o protagonista das confissões de outrora e pedir-lhe umas novas... n-o-v-a-s, entendeu? Adormeceu sem sonhos.