sábado, 27 de novembro de 2010

Ele

Junta as mãos e monologas com um amigo que há muito não falas. Conta-lhe sua vida, revela teus medos, chora angústias e mostra-lhe anseios. Seja claro, informal, certas amizades não se abalam com o tempo, e a intimidade perdura até no inimaginável. Não procure títulos, eles pouco representam a grandeza de alguém. Diz tudo, das idéias mirabolantes aos planos mais banais. Pede. Mas pede com a força de quem luta para tê-lo. Pede com a coragem de quem sabe ir até o final da estrada. Pede com suor, com lágrimas, com aquela fé que por vezes insistisses em esconder por uma descrença boba. Dá a cara à tapa e entrega o que está fora do teu controle, do teu mundinho, das mãos pequenas e por vezes frágeis. Mostra tua fraqueza, esquece essa vergonha tola, o que é revelado aqui, fica aqui, e não há testemunhas para tuas frases, teus gestos e ações. Sede tu, antes de qualquer coisa. Divide as esperanças com alguém que acredita plenamente nelas, e junto a ele, acredita em ti, porque isso basta.


Ingrid Tinôco

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

mudança

Passo mais horas pensando sobre o que escrever do que botando no papel aquilo que realmente me interessa no momento. Sim, as idéias fluem na velocidade do pensamento que bateria a da luz, se esta não fosse a mais rápida, mas é preciso filtrar e eu acabo escrevendo o bonito ou o feio do coração ao invés de apenas expulsar de mim o que realmente incomoda ou merece exposição. Minha ferramenta vem perdendo a funcionalidade, porque eu preciso das letras arredondadas, desenhadas num papel (ou numa tela de computador em arial 12) para retirar da alma o que me aflinge o suficiente para fazer calar, mas não tenho feito. Tenho calculado, milimetrado, revisado textos e esquecido os verbos que outrora tanto confortaram. Preciso voltar a escrever sobre mim, pra enxergar por outra ótica “o que danado há de errado com a que vos fala”, como num espelho em que se vê defeitos e pode-se corrigi-los com análise posterior, quero falar mal da saúde pública que é minha realidade iminente, quero cantar minhas músicas prediletas para aqueles que conseguem ouvir sons através das palavras, quero denegrir imagens sem dizer os santos, falando, pra quem quiser ler, o quanto certos comportamentos me indignam.

Quero ser menos séria, menos cética, menos textos politicamente corretos ou cercados de sentimentalismos bonitos e verdadeiros, mas que não vem a todo momento.

Quero expulsar.

Por isso vou tentar repaginar o blog e tentar fazer dele, novamente, o que era pra ter sido sempre, o MEU espaço. Onde eu escrevo sobre o que quiser e na hora que quiser, porque isso não é publicidade, é recordação e conforto, por isso, não precisa de métrica.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

no detalhe

Sem mecanicismos, e quero a espontaneidade de um abraço bom, dos apertados, que agarram a alma e prometem aos céus jamais soltar-me. E os nossos beijos de tirar o fôlego, as risadas de um fim de tarde qualquer olhando o mar e o sol que se põe com um dourado brilhante. Dê-me colo e cafuné até que eu feche os olhos vendo um filme bobo que você insiste em dizer ser bom/ Me contrarie, desafie, me faça xingá-lo e dizer o quanto eu viveria bem sem você, só pra eu ter a certeza do quanto isso não é verdade.

Quero as cócegas e as piadas sem nexo que me arrancar risadas pelo nada. Conte suas aventuras histórias, suas defensivas políticas, seus achados revolucionários que "só você sabe" e e faço questão de confirmar com o interesse de quem nunca ouviu falar. Peça-me um "eu te amo" falado só pra me ouvir discursar sobre a fluidez das ações. Reclame da minha TPM, dos meus hormônios, da minha desatenção, da minha moda. Diga pra eu não usar termos técnicos. Deixe-me falar da sua chatice, velhice precoce. Invente apelidos malucos, sem nada de melosidades e ainda se denomine o último dos românticos. Continue a desenhar cartas ilustrativas de que eu tanto gosto e a esquecer as datas que eu tanto prezo. Mudemos devagar pelo nós. Pegue-me no colo dizendo que ali é o meu lugar, e só ali estarei segura. Veja nossas flores e seus espinhos...pisemos leve, amor, bem leve.

Com carinho,

Ingrid Tinôco