terça-feira, 31 de agosto de 2010

Não lhe escorra

Nossas maiores glórias, quando nas palmas das mãos, parecem finos grãos de areia que o mar não molhou, deixando-os frágeis, leves, soltos, na iminência de escorrer por entre os dedos ao menor vento. Não há balanço de ondas, calmaria da brisa ou oferta de areia a sua volta que acalme a perda iminente.

Por você, passarão os que lhe oferecerão mãos a mais para comportar os grãos, carros para transportá-los em segurança ou palavras para que não percas a paciência e o equilibro. Mas haverá os que lhe trarão o vento indesejado com leves sopros imperceptíveis, os que insinuarão sorrisos ao incentivar tropeços e os que desviarão o olhar “insignificando”(com a permissão do neologismo) sua tarefa.

Cabe a você encontrar a água, o óleo, a liga que manterá unida sua própria areia, transformando-a do pó ao sólido. Machado de Assis dizia que o que era de ser seu, às mãos lhe havia de ir. Está aí, em suas mãos, não se permita tropeços, não os permita balanços.


Ingrid Tinôco

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pisa não, bem. Pega do chão e cuida. Ela também ralou, também cansou e até caiu. É que nossa cruz pesa mais, né? Dá a ela um pedaço que ela não te nega ajuda, ainda sente o peso pra não duvidar do teu fardo. Faz isso também, vai, sente o do outro e segue com ele. Levanta do chão e sorri, segura na mão e ouve.