domingo, 23 de outubro de 2011

Memórias

"Nunca mais romance; Nunca mais cinema; Nunca mais drinque no dancing"
A história de Lily Braun - Chico Buarque


Sem vocação pra Lily Braun, pensou em fases. Nunca fora de breguices e planos, mas amoleceu, imaginou e desejou. Ora ceticismo, Ora fantasia. Pensou no filme e quis declarações, daquelas bobas escritas em guardanapos com batom ou ketchup, sabe? Que te faz rir e lembrar... para sempre. Sempre é uma palavra forte, como memórias. Quis borboletas, frio, o pé levantado que nunca existiu, mas que fica bonito numa tela gigante. Hoje não era rotina, nem a obrigação, nem o texto que virou mecânico porque já passou tempo demais. Hoje não era femme fatale nem em cima de um salto 12, de cabelos soltos, olhos marcados e vestido justo. Hoje era balões e flores, doces e palavras, era imagens coloridas e claras, congeladas num tempo bom. Era vento no rosto, abraços e olhares. Era câmera lenta e risadas sem fim, era açúcar e...

...amor - palavra bonita em moldura da gente, viu?!

Ingrid Tinôco

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Serás médico(e humano)

Vais aprender a ser forte diante da fragilidade alheia, não para mostrar-se frio, mas para ser suporte. Entenderás que essa tua armadura branca, por mais impotente e jovem que seja, é proteção às desesperanças da vida. Saberás que um olhar mais doce e um sorriso da alma funcionarão como estímulo para aqueles descrentes pela indiferença tamanha que rodeia teus semelhantes. Verás que tão importante quanto técnica, são os teus ouvidos e tua mão a tocar o outro como quem se faz amigo.

Faz-te o bastão que simboliza teu futuro, sustentando os que precisam como ele o faz com a serpente.



Ingrid Tinôco

domingo, 24 de julho de 2011

Um ponto basta

Já fiz de areia, castelos. Hoje, faço de vírgulas, frases e textos inteiros. Chego a montar romances completos, ou novelas, com tramas entrelaçadas e finais diversos. É por isso que eu tenho problemas com vírgulas - e reticências, devo confessar. Elas têm o poder infinito de remexer todos os lados dessa imaginação que eu teimo em controlar, mas que insiste em me desobedecer (deve ter vindo desacoplada pensando ser independente) e pode ser perigosa.

Por isso eu peço, por tudo que existe nesse mundo: Não me deem vírgulas, nem quero reticências de presente. Fico mais feliz com frases prontas, com textos inteiros, com perguntas retóricas, e se me derem interrogações, que venham seguidas de pontos. Sou exigente, não é? Então tá, esquece o resto, me basta o ponto. O ponto e sua certeza, sua precisão, sua severidade e sua capacidade de ser completo mesmo minúsculo. A incrível habilidade de ser acalmada com um ponto, ou de transtornar de vez, mas sem esse “meio-termozinho” medíocre. Gosto da segurança do ponto: rendondo, pequeno e concreto.


Ingrid Tinôco

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Não conseguiu chorar, seca e cética com sua próprio incompetência.


Ingrid Tinôco

domingo, 12 de junho de 2011

Aos apaixonados

Que o dia de hoje sele a renovação de um sentimento. Que você consiga sentir de novo aquele frio na barriga da primeira vez que o viu jogar seu charme, e você diga quão bonita ela está, vendo-a com aqueles olhos de romance novo. Que olhem nos olhos enquanto falam, só pra lembrar do gosto bom do flerte antigo, misturado a uma certeza de sinceridade que só o tempo conseguiu trazer. Falem palavras doces e sem sentido, sejam bobos e bregas, como só o amor permite. Escrevam cartas de amor ridículas, como disse Fernando Pessoa, mas que tem um significado todo especial para quem lê. Abrace apertado, beije com carinho, andem de mãos dadas só pra resgatar a beleza do toque. Discorram conversas intermináveis sobre um dia de estudos ou as besteiras da televisão atual. Escutem a música de vocês, sentindo cada verso. Façam de uma data, uma oficina para aprender a amar um pouco mais. Sejam intensos como um começo e seguros como o que já é antigo. E no mais, felicidade a todos os casais apaixonados.


Ao nosso amor, toda a felicidade do mundo.


Ingrid Tinôco

domingo, 1 de maio de 2011

Devolve a doçura

Queria a leveza do antes tendo a certeza que poderia. Cansou de parecer boba sabe? Mas essa seriedade não cabia no sorriso tamanho G que lhe marcava o rosto. Sentia-se pela metade, faltava o lado bonito que um dia lhe marcara a alma e lhe fizera amável. Precisava, porém, de uma segurança, uma mão disposta e uma palavra(e gestos) que lhe dessem a certeza que valia a pena. Certeza…aquela que afasta o medo, entende?

Precisava romancear novamente, escrever bonito pra dar gosto a quem lê. Desejava. E despertar a pontinha de inveja boa de um amor danado de bonito que teima em encantar os olhos que passam curiosos. E achava bom lembrar daquele gostinho de ansiedade, daquela sensação gostosa de satisfação pelo nada.

Queria ser feliz e fazer feliz, sem medida e sem tamanho. Sentou no chão, olhando cartas e versos antigos e lembrou que ainda restava o bom e que podia remar, re-amar, era só querer…e queria.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Até o fim do que acredito

Vou até o fim batendo no peito ao dizer que me importo. Porque isso é bonito, sabe?! Essa vontade inerente de que você pode mudar as coisas se quiser. Vou acreditar até me fazerem descrer que entrelinhas são feitas pra versos, não para relações. Que sinceridade se constrói com palavras claras e sentimentos escancarados, com olho no olho e vontade. Vontade de fazer, ter e ser o bem pra quem acredita; que é dividir pensamentos e sensações. Vou continuar com a certeza de que lealdade tem muito mais a ver com aceitar defeitos, segurar firme a mão e dizer “Vamos juntos e seja o que Deus quiser”, do que fingir presença. Ser leal é não deixar pra lá, entende?! É interesse. É se fazer necessário. É demonstrar. É botar orgulho e egoísmo de lado sempre que for preciso(para alguém). É o ombro, o colo e o cafuné nas noites insones. É qualquer coisa que chamem de companheirismo. É aprender sutileza, perspicácia e doar-se.

Que eu não perca essa vontade de ser. E que se eu cair, que mostre as marcas orgulhosa com a certeza de que vivi, tentei e chamando aquilo de coragem ao invés de frustração. Que eu não me mascare por medo e exite por receio. Que o presente não me dificulte o futuro e que eu me conserve assim, em paz.

"Cuida bem de mim, então misture tudo dentro de nós."


Ingrid Tinôco

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Acorda!

“Porque ninguém vai dormir nossos sonhos.”

É que ninguém me perguntou o quanto doíam as quedas da cama todas as vezes que a fantasia ficava interessante. Ninguém assoprou meus machucados ou me recolocou pra dormir. Deixaram que eu acreditasse em sonhos para dizer-me, na cara dura, que eles não existiriam para mim.

Difícil é depender dos outros.


Ingrid Tinôco