Sim, serei sempre a morena dos olhos d'água, pois foi assim até o derradeiro encontro. E você me verá quando Chico cantar qualquer coisa, enquanto Roberta continuará com nossas músicas ensaiadas e Nando recitará Aquela. Estarei sempre na acidez das balas do cinema, na pizza do domingo e nas listas de livros. E eu vou continuar a jogar com palavras, aquelas mesmas do "elo" que um dia você questionou.
E então o amor vai virar bom dia, a cumplicidade dos olhares, mera educação. E memórias serão fotos e fatos só nossos que virão em segredo nos atiçar a mente quando o cheiro nos trouxer lembrança. E eu já nem uso mais o perfume que você escolheu pra mim, ele virou história. E você já nem lembra das juras que um dia fiz, isso virou passado.
Nossos planos continuarão ali, inacabados, como as obras de um governo que sempre foi discórdia. E os novos virão para machucar os egos e atiçar ciúmes do que um dia foi posse.
E se o futuro for pra nós saudade? E se meu sapato continuar a pisar no teu dentro do armário enquanto teu paletó enlaça meu vestido sem me deixar sair?
Esperemos, então, o tempo da delicadeza, quem sabe?! Enfim...
"Nos seus livros, nos seus discos, vou entrar na sua roupa e onde você menos esperar... Eu vou estar..."
(Capital Inicial)
Ingrid Tinôco
18/09/2014