terça-feira, 27 de julho de 2010

QUE MÉDICOS SEREMOS?

Ela faz medicina(OOOHH, MEDICINA), na federal do Rio Grande do Norte (OOOH, a melhor federal do Nordeste), ela não sabe auscultar, fazer uma anamnese correta, analisar um paciente.

Oi? Falamos da mesma pessoa?

Sim, de mim, daqui a uns 6 meses se nada for feito. A gente pensa que a medicina é linda. Todos aqueles estudantes inteligentes e estudiosos vestidinhos de branco que passam correndo pelos lugares com um estetoscópio no pescoço. Um nariz de palhaço e uma placa de “futuro desempregado” ou “futuro incompetente” cabia melhor à minha turma e aos que passarão pelo 3º período da UFRN se nada for feito. “Mas não se preocupem, eles não deixarão nada acontecer com vocês, em 10 dias o problema se resolverá. Suas aulas começarão e todos os professores estarão lá, cardio e pneumo com suas vagas devidamente ocupadas, os rodízios lindos e bem preenchidos, com professores dispostos a ensiná-los.” Afinal, o departamento disse que uniria sua força à nossa, e resolveu sentar no balanço esperandoa o chapolin colorado virar albino (pra combinar com o contexto) e trazer toda sua astúcia pra resolver o problema.

As reuniões com chefes do que vocês quiserem imaginar foram animadoras, “contrataremos professores”, “abriremos editais para novos concursos”, “vocês terão semiologia”. Eu quase fico aliviada. O quase se apagou ontem, puuf... a menos que façam um concurso relâmpago, ou professores caiam de pára-quedas nas salas de aula e nos leitos do Hospital Universitário, vou ver tanta semiologia prática quanto o Porto (uma das bíblias que os estudantes de medicina tem de portar) pode me ensinar.

E a reitoria? Sempre muito ocupada, né? Evento nacional acontecendo, milhões de problemas com a Universidade, pra quê reunião com um bando de estudantes que se queixam mesmo estando na “melhor do Nordeste”? Olha de lado, deixa pra lá, empurra com a barriga, um dia se resolve, ou não.

Vocês já são formados né? Todos médicos, consultório, cargo público, estabilidade, aposentadoria, chefe disso, chefe daquilo. Pra que mexer os pauzinhos pros alunos? Virem-se! Se ao menos pagassem os 3000 reais mensais de uma Universidade particular, poderiam exigir alguma coisa. Afinal, poucos impostos você ou seu pai e sua mãe pagam por mês pra exigir qualquer coisa, não é?! O público tem passos lentos, burocracia, impedimentos. Deixa assim mesmo. Seis meses de atraso numa formação de graduação é pouco, principalmente pra você que já estudou feito um condenado pra passar no vestibular, vários anos inclusive, como eu.

Cruze os braços, leia a carta aberta que a turma de 2009.2 fez para tentar ser atendida, ouça falar do manifesto que vai ocorrer amanhã e diga a si mesmo: “Puxa vida! Que legal a iniciativa” e volte a dormir, afinal, você vai fazer questão de lembrar dos nomes dessa turma para NUNCA se consultar com nenhum deles. Ou melhor, seja calouro e pense “Tenho nada a ver com isso, daqui pro meu 3º período as coisas se resolvem”, ok, depois reclamam e perguntam o porque do “CALOURO BURRO” ao entrarem na Universidade. Vai saber, né?!

Tô revoltada sim, minha profissão é que está em jogo e quem achar ruim que feche a janela!

Good bye,

INGRID TINÔCO
3º PERÍODO DE MEDICINA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE(UFRN)

2 comentários:

Débora Oliveira disse...

Tem que se revoltar mesmo!
A burocracia de qualquer serviço público é de encher qualquer um de ódio. Digo isso por trabalhar e estudar na rede pública.
Nada se resolve com agilidade, nada pode ser feito sem aqueles tramites sem fim.
E como se não bastasse a falta de praticidade, ainda temos que nos preocupar com a falta de boa vontade de muita gente.
Meu conselho é: mexam-se mesmo! Um sussurro poucos ouvem, mas com muito barulho a coisa pode ser diferente.

Gabi disse...

ADOREI e faço das suas, as minhas palavras friend! É REVOLTANTE!