Junta as mãos e monologas com um amigo que há muito não falas. Conta-lhe sua vida, revela teus medos, chora angústias e mostra-lhe anseios. Seja claro, informal, certas amizades não se abalam com o tempo, e a intimidade perdura até no inimaginável. Não procure títulos, eles pouco representam a grandeza de alguém. Diz tudo, das idéias mirabolantes aos planos mais banais. Pede. Mas pede com a força de quem luta para tê-lo. Pede com a coragem de quem sabe ir até o final da estrada. Pede com suor, com lágrimas, com aquela fé que por vezes insistisses em esconder por uma descrença boba. Dá a cara à tapa e entrega o que está fora do teu controle, do teu mundinho, das mãos pequenas e por vezes frágeis. Mostra tua fraqueza, esquece essa vergonha tola, o que é revelado aqui, fica aqui, e não há testemunhas para tuas frases, teus gestos e ações. Sede tu, antes de qualquer coisa. Divide as esperanças com alguém que acredita plenamente nelas, e junto a ele, acredita em ti, porque isso basta.
Ingrid Tinôco