Disseram-me que dormir faz crescer, e que crescer dói. Aconselho aos que dormem para crescer, que mantenham, no mínimo, um olho aberto e bem atento ao que se passa, um pé no chão durante os sonhos muito altos e atenção redobrada aos fatores externos e internos. Por que não bastam 2m de altura, é preciso que se cresça aprendendo.
E, acaso sinta dores, que chore, mas um choro aliviado daqueles que sabem a necessidade dessas lágrimas. Não adianta o compulsivo, típico dos que se fazem vítimas do seu próprio crescimento, dos fracos e insensatos. Dedico minha pena a tais. É preciso entender que o que dói hoje, fortalece, depois, a carne, os ossos e o espírito. Tem-se que dormir acordado pra crescer com eficácia e tirar lição das dores que insistem em perturbar a mente.
No mais me calo já que “Se conselho fosse bom a gente vendia”, e eu não quero passar fome.
quinta-feira, 26 de março de 2009
domingo, 22 de março de 2009
Sombreou os olhos. Delineou o contorno deixando-os bem pretos, como sua própria íris. Alongou os cílios. Preencheu os lábios. Corou as faces.
Soltou os longos cabelos que penderam dos ombros até a cintura em ondas desregulares.
Deixou o corpo ganhar contorno com o vestido preto e curto.
Subiu nos saltos para olhar, lá de cima, através do espelho meio manchado, ela mesma numa nova versão.
Toc, toc, toc... Saiu de casa com os saltos fazendo o alarde. Trancou a porta. Deixou para trás aquele rosto(e o espírito) antigo, sério e chato; decidida, agora, a não mais passar despercebida.
Soltou os longos cabelos que penderam dos ombros até a cintura em ondas desregulares.
Deixou o corpo ganhar contorno com o vestido preto e curto.
Subiu nos saltos para olhar, lá de cima, através do espelho meio manchado, ela mesma numa nova versão.
Toc, toc, toc... Saiu de casa com os saltos fazendo o alarde. Trancou a porta. Deixou para trás aquele rosto(e o espírito) antigo, sério e chato; decidida, agora, a não mais passar despercebida.
segunda-feira, 16 de março de 2009
Sê piegas tu
Fora numa noite que percebera, ou melhor, caíra na real, como quem sofre um baque. Tinha se rendido àquilo que por tantas vezes repudiara, chamara de breguices e bobagens não dignas de sua admiração, de seus princípios (sempre tão intocáveis).
Nunca fora romântica a ponto de se comover com as pieguices dos enamorados. Achava uma total tolice. Talvez já houvesse amado, mas aqueles exageros não a intrigavam. Parecia fachada, falação, dramas dignos de novelas mexicanas, daquelas bem reles. Ansiava pena por aqueles pobres que se iludiam mutuamente. Sempre soubera que um dia um, outro, ou ambos se machucariam, sofreriam, e as juras de amor eterno seriam esquecidas como se nunca houvessem existido. Por isso não valia o risco, nem merecia mérito.
Passou aos romances assistidos, somente, depois aos escritos. E, por incrível que pareça, a divertir-se com aquilo. A irrealidade dos fatos, das histórias passou a comovê-la. Na ficção podia.
Mas hoje, meu Deus. Ela não sabia o que estava acontecendo. Pegara-se fantasiando bobagens, ensaiando discursos, planejando histórias. Parecia ter se rendido ao sentimentalismo barato, às doces ilusões românticas de quem nunca sofreu, e aos clichês. Logo a eles!!
Devia ser uma fase, só podia. TPM talvez, os hormônios sempre agem nas horas mais impróprias mesmo.
Precisava culpar alguém que não fosse a ela mesma. Não cabia a si virar “a última das românticas”(e lá se vai mais uma frase feita para combinar com o quadro). Esse açúcar todo, definitivamente, nunca combinau com ela, não seria agora que combinaria.
Estava certa disso. Certíssima.
Nunca fora romântica a ponto de se comover com as pieguices dos enamorados. Achava uma total tolice. Talvez já houvesse amado, mas aqueles exageros não a intrigavam. Parecia fachada, falação, dramas dignos de novelas mexicanas, daquelas bem reles. Ansiava pena por aqueles pobres que se iludiam mutuamente. Sempre soubera que um dia um, outro, ou ambos se machucariam, sofreriam, e as juras de amor eterno seriam esquecidas como se nunca houvessem existido. Por isso não valia o risco, nem merecia mérito.
Passou aos romances assistidos, somente, depois aos escritos. E, por incrível que pareça, a divertir-se com aquilo. A irrealidade dos fatos, das histórias passou a comovê-la. Na ficção podia.
Mas hoje, meu Deus. Ela não sabia o que estava acontecendo. Pegara-se fantasiando bobagens, ensaiando discursos, planejando histórias. Parecia ter se rendido ao sentimentalismo barato, às doces ilusões românticas de quem nunca sofreu, e aos clichês. Logo a eles!!
Devia ser uma fase, só podia. TPM talvez, os hormônios sempre agem nas horas mais impróprias mesmo.
Precisava culpar alguém que não fosse a ela mesma. Não cabia a si virar “a última das românticas”(e lá se vai mais uma frase feita para combinar com o quadro). Esse açúcar todo, definitivamente, nunca combinau com ela, não seria agora que combinaria.
Estava certa disso. Certíssima.
quinta-feira, 12 de março de 2009
Tirando o pó
Talvez já esteja mais que na hora de dar um basta às coisas antigas que insistem em se remoer no presente. Apertar um “Del” em lembranças até agradáveis, mas que têm de ser mantidas no passado, como lembranças realmente e não como promessas de futuro, seja ele próximo ou não. Esse negócio de viver o ontem cansa, desgasta. E apesar de toda a mordomia de descanso dessas minhas humildes férias, esse papo de cansaço não dá mais pra mim.
Ta na hora de realmente fazer ao invés de só falar. “Faxinar” a alma como disse Fernando Pessoa. Jogar fora aquele lixinho fofo que você adora, mas que não serve mais pra nada O tempo dele já passou e agora só faz juntar poeira(como diz sua mãe). Limpar o pó para rever o brilho. Reogarnizar a bagunça que insistiram em fazer e eu, mesmo tentando, não consegui controlar. Abrir portas e janelas pra o sol entrar devolvendo a luz e a harmonia natural da casa, da alma. É preciso deixar que novos ares adentrem. Eu preciso.
Ingrid Tinôco
Ta na hora de realmente fazer ao invés de só falar. “Faxinar” a alma como disse Fernando Pessoa. Jogar fora aquele lixinho fofo que você adora, mas que não serve mais pra nada O tempo dele já passou e agora só faz juntar poeira(como diz sua mãe). Limpar o pó para rever o brilho. Reogarnizar a bagunça que insistiram em fazer e eu, mesmo tentando, não consegui controlar. Abrir portas e janelas pra o sol entrar devolvendo a luz e a harmonia natural da casa, da alma. É preciso deixar que novos ares adentrem. Eu preciso.
Ingrid Tinôco
domingo, 8 de março de 2009
Ela voltou aquele mesmo lugar, onde sempre ia intuitivamente para descarregar-se. Havia uma fonte(sempre houvera), debruçou-se sobre a borda mas não viu a normalidade de sempre, a pedra fria e lisa não mostrava sinal do conteúdo, nem respingos parecia haver ali.
Como podia? Eram aquelas águas as responsáveis pelo desabafar do grito calado, do romance frustrado, da alegria sem fim. Fora ali que sempre tivera o amparo silencioso e solitário, por onde até perdera momentos precisos de um sono intranqüilo. Agora estava diferente, por mais que sentisse necessidade de voltar àquele local, de utilizar-se daquele artifício para alívio próprio, não conseguia. Algo a empatava.Não havia a água para “lavar” da sua mente as palavras guardadas e reorganizá-las numa ordem lógica.
Parou tentando achar uma resposta, poucas idéias lhe ocorriam. Era isso! O problema não estava na fonte material, mas naquele ser pensante que dela usufruía. A culpa era, justamente, dessas poucas idéias que lhe ocorriam. Tava faltando a sensibilidade que explodia em palavras não faladas, mas escritas. O “feeling” que transformava momentos em letras, cheiros em vírgulas, gostos em interrogações. Aquilo desaparecera, ou escondera-se, sem motivo claro.
Riu de sua própria situação, talvez soubesse o que lhe faltava para fazer jorrar de novo a fonte, mas nada era certo naquela situação. Mais emoções, menos mesmice, livros talvez... a receita era incerta, mas não custava arriscar. A sensação era das melhores, e ela precisava tê-la novamente. Refrescaria-se naquelas águas em breve, ambicionou em silêncio e partiu.
Ingrid Tinôco :)
Como podia? Eram aquelas águas as responsáveis pelo desabafar do grito calado, do romance frustrado, da alegria sem fim. Fora ali que sempre tivera o amparo silencioso e solitário, por onde até perdera momentos precisos de um sono intranqüilo. Agora estava diferente, por mais que sentisse necessidade de voltar àquele local, de utilizar-se daquele artifício para alívio próprio, não conseguia. Algo a empatava.Não havia a água para “lavar” da sua mente as palavras guardadas e reorganizá-las numa ordem lógica.
Parou tentando achar uma resposta, poucas idéias lhe ocorriam. Era isso! O problema não estava na fonte material, mas naquele ser pensante que dela usufruía. A culpa era, justamente, dessas poucas idéias que lhe ocorriam. Tava faltando a sensibilidade que explodia em palavras não faladas, mas escritas. O “feeling” que transformava momentos em letras, cheiros em vírgulas, gostos em interrogações. Aquilo desaparecera, ou escondera-se, sem motivo claro.
Riu de sua própria situação, talvez soubesse o que lhe faltava para fazer jorrar de novo a fonte, mas nada era certo naquela situação. Mais emoções, menos mesmice, livros talvez... a receita era incerta, mas não custava arriscar. A sensação era das melhores, e ela precisava tê-la novamente. Refrescaria-se naquelas águas em breve, ambicionou em silêncio e partiu.
Ingrid Tinôco :)
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