Fora numa noite que percebera, ou melhor, caíra na real, como quem sofre um baque. Tinha se rendido àquilo que por tantas vezes repudiara, chamara de breguices e bobagens não dignas de sua admiração, de seus princípios (sempre tão intocáveis).
Nunca fora romântica a ponto de se comover com as pieguices dos enamorados. Achava uma total tolice. Talvez já houvesse amado, mas aqueles exageros não a intrigavam. Parecia fachada, falação, dramas dignos de novelas mexicanas, daquelas bem reles. Ansiava pena por aqueles pobres que se iludiam mutuamente. Sempre soubera que um dia um, outro, ou ambos se machucariam, sofreriam, e as juras de amor eterno seriam esquecidas como se nunca houvessem existido. Por isso não valia o risco, nem merecia mérito.
Passou aos romances assistidos, somente, depois aos escritos. E, por incrível que pareça, a divertir-se com aquilo. A irrealidade dos fatos, das histórias passou a comovê-la. Na ficção podia.
Mas hoje, meu Deus. Ela não sabia o que estava acontecendo. Pegara-se fantasiando bobagens, ensaiando discursos, planejando histórias. Parecia ter se rendido ao sentimentalismo barato, às doces ilusões românticas de quem nunca sofreu, e aos clichês. Logo a eles!!
Devia ser uma fase, só podia. TPM talvez, os hormônios sempre agem nas horas mais impróprias mesmo.
Precisava culpar alguém que não fosse a ela mesma. Não cabia a si virar “a última das românticas”(e lá se vai mais uma frase feita para combinar com o quadro). Esse açúcar todo, definitivamente, nunca combinau com ela, não seria agora que combinaria.
Estava certa disso. Certíssima.
Um comentário:
Depois quem tem imaginação de sobra sou eu! adoreeei o post, amiga!
Eu sabiia que vc se rendiia!
kkkkkkkkkk
beeijo, amor.
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