terça-feira, 31 de agosto de 2010

Não lhe escorra

Nossas maiores glórias, quando nas palmas das mãos, parecem finos grãos de areia que o mar não molhou, deixando-os frágeis, leves, soltos, na iminência de escorrer por entre os dedos ao menor vento. Não há balanço de ondas, calmaria da brisa ou oferta de areia a sua volta que acalme a perda iminente.

Por você, passarão os que lhe oferecerão mãos a mais para comportar os grãos, carros para transportá-los em segurança ou palavras para que não percas a paciência e o equilibro. Mas haverá os que lhe trarão o vento indesejado com leves sopros imperceptíveis, os que insinuarão sorrisos ao incentivar tropeços e os que desviarão o olhar “insignificando”(com a permissão do neologismo) sua tarefa.

Cabe a você encontrar a água, o óleo, a liga que manterá unida sua própria areia, transformando-a do pó ao sólido. Machado de Assis dizia que o que era de ser seu, às mãos lhe havia de ir. Está aí, em suas mãos, não se permita tropeços, não os permita balanços.


Ingrid Tinôco

4 comentários:

Dustin Maia disse...

Refletindo...

Priscila Rôde disse...

Palavras certeiras...

Déia disse...

Tudo está em nossas mãos!!

bj

Ludmila Melgaço disse...

Tem 5 dias que tô lendo esse texto e a cada vez ele me parece diferente.
Vai ser alvo de mais reflexão, com certeza!

Beijo!