quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Só o básico

Eu não posso ser completa, nem pretendo. Me balanço num encaixe e desencaixe de peças que se moldam de acordo com o que passo, que vivo e que sinto. Sinto tanto que às vezes penso ser melhor esconder, é o orgulho bobo que de tempos em tempos fala mais alto. Mas ele tem se calado ultimamente.

Calei-o pra ver se vivo melhor comigo mesma e com os outros. Cansei do “tempestade em copo d’água”, dos exageros dramáticos e das conversas fiadas que só me cansam a pele e o sono. Aprendi a ceder e as coisas se tornaram mais práticas até certo ponto. Difícil, porém, é ceder sozinha, fazer o trabalho de vários ou sustentar os fatos nas costas, como se a culpa fosse minha companheira fidedigna, mesmo nos tempos em que minha consciência anda limpa e meu espírito em paz.

Cansei dos prolongamentos, mas exijo a conversa. Quero os pratos limpos, pingos nos “is” e a roupa suja lavada, seca e passada em cima da cama, pronta para ser usada novamente. Sinceridade é a base e eu preciso dela por completo para expulsar a insônia das minhas noites que já são curtas o suficiente para haver mais alguém atrapalhando.

Se é pedir demais para os outros, não sei. Mas para mim, esse é o pacote básico, sem bônus ou brindezinho grátis. E, por enquanto... eu me contento com ele.




Ingrid Tinôco

"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso."
Clarice Lispector

4 comentários:

Déia disse...

Isso se chama maturidade.. lá na minha terra!

Chega de barracos, vamos viver bem, sem tantos problemas!

bj

disse...

Queria muito escrever oq vc escreveu com as suas palavras! Muito bom :) Bjs

Priscila Rôde disse...

Muito bom, Ingrid!
Adorei me encontrar em alguns trechos!
Fechou com chave de ouro..
Adoro essa leveza!

caronliine disse...

sou suspeita, confesso. mas adoro os seus textos (: